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Só nos resta viver…
É brisa a divertir todas as estações dos meus dias. Assovia canções que conheço e melodias por descobrir. É um inteiro que ofereço, e nele cabe tudo que desconheço. É o que não sei definir, não sei expressar, um presumir sem medida que se reinventa imenso dentro do coração que o sustenta. É tudo que se faz perto, ignorando distância: um sorriso, um gesto, uma expressão do olhar. Leveza e certa alegria pulsando o cabaré do existir. Um vício que a imaginação protege em doce fantasia e que de tão intenso, dispara o peito e se recolhe em silencio. É dor que se alastra no…
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A Viagem de Existirmos
São tantos os medos e bem sei que maiores ainda os desafios para tentar superá-los. Medos que na alma dos dramáticos ganham volume. Eles ocupam espaços e se contrapõem por mais determinadas que sejam as intenções dos passos. Medos que deixam de perceber as oportunidades, sobretudo aquelas que se aproximam do carinho. Contra o medo, a sorte grande do afeto se impor como uma suave armadilha. Foi numa dessas viagens encantadas em que o desejo se estabelece como destino, que encontrei uma mulher, dessas de espírito largo cuja existência exala os melhores perfumes. Ela me acolheu sem levar em conta nosso pouco tempo de convivência – pessoas que têm sede…
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Poema
A maior riqueza do homem é a sua incompletude. Nesse ponto sou abastado. Palavras que me aceitam como sou – eu não aceito. Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que compra pão às 6 horas da tarde, que vai lá fora, que aponta lápis, que vê a uva etc. etc. Perdoai Mas eu preciso ser Outros. Eu penso renovar o homem usando borboletas. Manoel de Barros
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Porque todo ser é sem limite
Certo dia Diego saiu de sua cidade. Estava decidido nunca mais voltar. Mas parece que o destino – se ele acreditasse nessas coisas de predestinação – tinha outra decisão e o colocou novamente frente a frente com o território que ele queria abandonar. Os anos passaram e ele não era mais o mesmo. A roupagem era outra; seus cabelos de outra cor… O tempo lhe transformou; até o nome “Diego” foi rejeitado. A impressão é que lentamente ele foi se diluindo ao longo do tempo – sem conseguir se eliminar de sua história – para se tornar “aquela” que sempre desejara ser. Sem saber a força que as amarras podem…
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O ideal do crítico
Sabedoria livrai-me da crítica cri cri afasta-me do cálice do blá blá blá protegei-me do hábito do ti ti ti preservai-me do vício do bafafá dei-me a gentileza do opinar sem a obra destruir Marcos Fabrício (poeta mineiro e brasiliense)
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Devoração
Sou pouco dada a fins e meios Reinicio diuturnamente Intenções mais puras E sonhos quentes Desconfio pretender sempre Vivo montada em desejos Claro que há sabores Devorações constantes No momento valioso do presente Não se trata de futuro É pura inquietação Tânia Cristina Barros de Aguiar