
Não sei o que levo nem o que posso oferecer….
Não sei o que levo dos caminhos por onde ando. Talvez a alegria de chegar nos lugares novos e a certeza de ser necessário voltar a cada saída. Essa arraigada percepção de apenas viver as partes de cada coisa: parte de uma cidade, parte de um dia, parte de um sentimento, parte das habilidades, parte da minha própria vida. E esta quando for extinta certamente será parte interrompida de tudo o mais que não pode ser vivido.
Olhei na carteira o retrato que não consegui afastar de mim e me perguntei o que posso lhe oferecer dos caminhos por onde ando. Na sua preferêcia deveria lhe entregar a distância com todas as torpes medidas que regem o afastamento. Talvez o silêncio venha a ser o definitivo suspiro de vidas que se perdem. Depois dele apenas uma canção para lembrar, um sentimento para se dizer curado (anulado) e corpos que não mais se reconhecem. Mas seus olhos num 3 x 4 urgente desmentem as possibilidades de qualquer ausência.
A partir daí todas as partes de mim se costuram querendo saber o que levo em mim que possa, enfim, lhe oferecer.
